Intolerância à lactose: o que é preciso saber?

É grande o percentual de pessoas que sofrem com a intolerância à lactose – o açúcar presente de forma natural no leite e seus derivados. Em todo o mundo, estima-se que essa parcela seja algo entre 60% e 70%. Também é alto o número de pessoas com essa condição que ficam sem diagnóstico: 80%. Apesar disso, sinais físicos podem ajudar os intolerantes a procurarem ajuda. Entre as sensações mais comuns estão diarreia, distensão abdominal (barriga distendida), flatulência (gases) e borborigmo (líquidos ou gases que se deslocam pelo intestino, fazendo bastante barulho). E esses são apenas alguns em uma lista bastante extensa de sintomas, que ocorrem em indivíduos que não conseguem digerir a lactose.

A deficiência ou ausência da lactase, que é a enzima responsável por quebrar a lactose nas moléculas glicose e galactose, é a responsável por essa má digestão dos alimentos derivados e pode ser decorrente de diferentes situações. Existem pessoas que nascem com a ausência total da enzima lactase, apresentando um quadro congênito. Por outro lado, também é comum que no decorrer dos anos essa enzima comece a diminuir no organismo, o que caracteriza aqueles com a intolerância primária. Por último, algumas doenças do intestino podem levar à restrição, são exemplos as gastroenterites e a doença celíaca.

No entanto, apesar de ser uma condição limitante, tem tratamento e de forma esporádica os alimentos contraindicados podem ser ingeridos. A princípio, o indicado é retirar da dieta leite e seus derivados. Em um segundo momento, com a ajuda do médico e outros profissionais da saúde, esses alimentos devem ser reintroduzidos até que seja possível compreender o limite de cada organismo para o consumo sem sintomas. Com isso, esses produtos não precisam ser totalmente radicados do dia a dia, já que são fontes constituintes e de manutenção do cálcio no organismo. Margarinas, queijos e iogurtes costumam ser bem tolerados, no geral, mas ainda assim cada pessoa pode ter uma reação diferente.

Quando o leite for entrar na dieta, o melhor é optar pela versão integral. A gordura presente nesse tipo de bebida aumenta o tempo do deslocamento do alimento no estômago e no intestino, aumentando ainda o tempo necessário para digestão da lactose. Um outro recurso é adotar itens com teor reduzido de lactose. Como eles costumam contar com a adição da enzima lactase, são uma alternativa interessante. A lactase pode também ser encontrada em farmácia no formato de sachê ou comprimido. Uma unidade de 10.000 FCC ALU permite a ingestão de sorvete (três bolas), requeijão (uma colher de sopa – 30g), queijos (fatias de até 60g), pizza com queijos (dois pedaços), leite (um copo de 250 ml); iogurte (um pote de 100g) e chocolate ao leite (um tablete de 25g).

Para fugir das estatísticas sobre a quantidade de pessoas sem o diagnóstico correto, o ideal é procurar um gastroenterologista, que poderá encaminhar para a realização de investigações como o Teste de Tolerância Oral à Lactose. Realizado em laboratório, ele permite identificar qual é a quantidade de glicose no sangue após a ingestão de um líquido com alto teor de lactose. Quando o sangue colhido não apresenta os níveis esperados de glicose significa que não houve a quebra da proteína e, portanto, o indivíduo possui a intolerância.

Fonte: Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG)