O que é bom para combater a azia e o refluxo? Mitos e verdades na hora de tratar esses sintomas
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Mais da metade da população do Brasil está acima do peso (52%). Desse total, 17% apresentam obesidade graus I, II e III, o que favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares (responsáveis por infartos, derrames e AVC), diabetes tipo 2, hipertensão e alguns tipos de câncer, como de cólon e de mama. As articulações e a fertilidade das pessoas com esse quadro também são atingidas, o que pode gerar impactos psicológicos e sociais.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 e portadores de doenças crônicas, a exemplo de diabetes, podem se submeter à cirurgia bariátrica. Quase 100 mil intervenções são realizadas por ano no país.
A Gastroplastia Endoscópica é um procedimento minimamente invasivo, apesar de complexo, desenvolvido justamente por causa do aumento de casos de pacientes com sobrepeso ou obesidade intermediária, e dos riscos existentes na cirurgia convencional. Enquanto a modalidade tradicional dura entre uma e três horas, com expectativa de internação do paciente por dois a quatro dias, a endoscópica leva menos de uma hora para ser concluída e a pessoa é liberada na mesma data. Trata-se de uma técnica mais segura, que reduz a probabilidade de complicações. Só nos últimos três anos, foram feitos cerca de dois mil procedimentos no mundo. Os pioneiros são Estados Unidos, Espanha e Brasil.
A primeira Gastroplastia Endoscópica realizada no país aconteceu no dia 20 de junho de 2016, no setor de endoscopia do Hospital Universitário Mário Covas, em Santo André (SP), como protocolo de estudo. O método usa um equipamento de sutura endoscópica (endosutura) de última geração, aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com uma ação eficiente e duradoura sobre os tecidos suturados. Como uma espécie de “prega”, envolve as paredes do estômago no corpo tubular, com objetivo de restringir a capacidade e o trânsito dos alimentos pelo estômago, levando à saciedade precoce e indução da perda efetiva de peso.
Por ser endoscópica, a intervenção acontece sem cortes ou incisões no abdômen. Apesar de não substituir a cirurgia bariátrica, apresenta resultados iniciais promissores, sendo indicada para pacientes a partir da obesidade grau I.
Os estudos científicos publicados até o momento demostram uma perda de peso de até 20%, com índices de complicações que giram em torno de 1,5%. É preciso ressaltar que o procedimento, assim como outros tratamentos, deve ser seguido de acompanhamento nutricional e psicológico, aliado à atividade física, visto que a obesidade é considerada uma doença crônica, sem cura e multifatorial.
Por Rafael Pasqualini de Carvalho, cirurgião e endoscopista, membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva