
O que é bom para combater a azia e o refluxo? Mitos e verdades na hora de tratar esses sintomas
Entenda como a alimentação pode contribuir com o alívio desses sintomas e quais são os hábitos que ajudam(...)
Um dos maiores temores do paciente que se submete à Cirurgia Bariátrica é recuperar o peso perdido. A maioria dos pacientes passou por inúmeros tratamentos prévios à Cirurgia Bariátrica, alguns bem-sucedidos, outros nem tanto, mas todos com a enorme frustração de não conseguir sustentar os resultados a médio e longo prazo.
Engana-se quem imagina que após a cirurgia isso nunca mais irá ocorrer. Os primeiros 18 meses após o procedimento são considerados como a fase da “Lua de mel”, em que a pessoa geralmente está muito motivada, seguindo à risca as orientações da nutricionista, com pouco apetite, recebendo diversos elogios sobre sua aparência e entusiasmada com atividade física. Com o passar do tempo, o apetite vai aumentando, o peso estabiliza e os problemas emocionais podem retornar, bem como os velhos hábitos
Mais de 50% dos pacientes terá algum grau de recuperação de peso e é importante saber o que é considerado normal – e até esperado – e o que não é normal. Recuperar cerca de 5-10% do excesso de peso reduzido após 24 meses da cirurgia, de forma lenta e sem repercussão clínica, pode ser considerado normal e não necessitar nenhum tratamento.
Por exemplo: uma mulher de 49 anos, operada há 5 anos, tinha 120kg e 1,65m no pré-operatório (excesso de peso 52kg); com 24 meses de pós-operatório, havia reduzido 56kg, estava com 64kg de peso (perda de 107% do excesso de peso, bem acima do esperado) e, atualmente, encontra-se com 72kg. Apesar de ter recuperado 8kg, ela está com uma perda de 92% do excesso de peso, o que é um resultado excelente. Essa paciente deve revisar hábitos e dieta com a nutricionista, reforçar atividade física e manter controle com sua equipe.
Se o reganho de peso se inicia ainda no primeiro ano de pós-operatório, ou ocorre de forma rápida e associado a maus hábitos, se algumas das comorbidades como diabetes, esteatose (gordura no fígado), apneia do sono, colesterol e triglicerídeos elevados retornam, ou se a redução do excesso de peso for inferior a 50%, isto não é normal, deve ser avaliado e, dentro do possível, tratado. Mais um exemplo: a mesma paciente de 49 anos operada há 5 anos, com peso de 120kg e 1,65m de altura, que havia reduzido para 84kg com 24 meses de pós-operatório (perda de 69% do excesso de peso) e, atualmente, está com 98kg (42% de perda de excesso de peso), além de estar novamente hipertensa e com esteatose hepática, apresenta uma reengorda significativa e com prejuízos à saúde.
O paciente deve, preferencialmente, procurar a equipe multidisciplinar que o operou. A equipe deve estar preparada e apta para receber esse paciente e acolhê-lo sem discriminação. O paciente deve passar por avaliação clínica, nutricional e psicológica, além de fazer exames específicos, conforme a investigação clínica mostrar ser necessário. Algumas questões precisam ser respondidas:
Com base nessas informações, e com um recordatório alimentar, pode-se ajudar o paciente a descobrir o que está causando o aumento do peso e buscar tratamento adequado. Na maior parte dos casos, a reengorda se dá por retorno a maus hábitos alimentares, padrão beliscador (comer biscoitos, doces, salgadinhos e outro alimentos calóricos e com baixo poder de saciedade em porções pequenas e frequentes), consumo de álcool e bebidas adoçadas e inatividade física.
Nesses casos, deve-se reorganizar a alimentação, iniciar atividade física ou intensificá-la, revisar hábitos saudáveis e, se necessário, indicar acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. O uso de medicamentos antiobesidade, como sibutramina, orlistat, liraglutida, pode ser indicado para auxiliar na redução do peso, bem como alguns antidepressivos e estabilizadores de sensação.
Em um número pequeno de pacientes, pode-se detectar falha na cirurgia, com aumento significativo do tamanho do estômago ou passagem muito ampla entre o estômago e o intestino. Nesses casos, quando necessário, além da mudança de hábitos e atividade física, pode ser considerado o uso de Laser de argônio, plicatura gástrica (técnicas para melhorar a restrição gástrica, feitas ambulatorialmente por endoscopia) ou até uma nova cirurgia. Os casos devem ser avaliados rigorosamente, pois as complicações cirúrgicas e a mortalidade são maiores no segundo procedimento bariátrico e os resultados são muito variados, nem sempre se obtendo o que o paciente ou a equipe desejam.
Fonte: https://abeso.org.br/reganho-de-peso-apos-cirurgia-bariatrica-o-que-fazer/